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Centro Cultural Okinawa pode ser desapropriado para construção de escola do governo federal
Por Rádio Serraria
Publicado em 17/06/2025 17:41 • Atualizado 17/06/2025 17:45
Diadema
A garantia é de um vereador petista, que também anunciou que a verba para construção da nova unidade educacional fora "aprovada" (Divulgação/Centro Cultural Okinawa)

Na última semana, o governo federal teria informado que foram liberados R$ 25 milhões para a aquisição do imóvel do futuro campus do Instituto Federal no município. A unidade foi anunciada em meados de março de 2024 pelo governo do ex-prefeito Filippi Jr. e a bancada do Partido dos Trabalhadores e será implementada no Centro Cultural Okinawa, que fica na Avenida Sete de Setembro, no Parque Real. Segundo o vereador Josa Queiróz (PT), um dos idealizadores da vinda do IF para Diadema, o imóvel deverá ser desapropriado ainda este ano.

Questionada pelo 'Diário do Grande ABC', a Prefeitura de Diadema informou que o IFSP ‘é um equipamento federal, a desapropriação é feita diretamente entre o MEC (Ministério da Educação e Cultura) e o proprietário do prédio, não passando pelo município’. “Porém, teremos uma reunião hoje, às 10h, com a direção do Instituto Federal para ter mais detalhes e ajudar a definir os cursos que serão ofertados”, afirmou a assessoria do prefeito Taka Yamauchi (MDB)

Segundo o IFSP, após a finalização dos trâmites da desapropriação, o espaço passará por reformas e ampliação. Também será feito estudo para definição dos cursos que ali serão ministrados. Se tudo correr dentro do previsto, as aulas começarão no primeiro semestre do ano que vem. 

Sem apontar com certeza se foi assinado algum convênio ou documento por parte do governo federal liberando a verba para a nova escola, Josa Queiroz (PT) apenas afirmou que na última semana foi informado por pessoas do MEC que o "processo da desapropriação havia avançado".

POLOS - O IFSP já possui dois Polos de EAD (Educação a Distância) nessa região da Grande São Paulo. O primeiro foi entregue no ano passado em Rio Grande da Serra. A unidade conta com duas salas na Emeb Rachel Silveira Monteiro. Em abril foi a vez de Ribeirão Pires receber um Polo, localizado nas dependências da Escola Municipal Engenheiro Carlos Rohm, no Centro.

 

Os bastidores desta notícia - Já está virando um hábito um tanto quanto estranho de administrações petistas desapropriarem ou derrubarem imóveis e edifícios para se erguer uma nova obra. Primeiro foi a "sensacional" ideia de derrubar a própria sede da prefeitura para se construir um hospital que até agora não saiu do papel, tampouco se sabe se o dinheiro saiu ou não dos cofres do governo federal; depois, foi a história de se construir um "CEU da Educação", derrubando uma escola municipal relativamente pequena em um terreno não muito grande, cuja obra o prefeito atual embargou por questões de segurança e má execução na construção. Há dois anos, pelo menos, as crianças e adolescentes que moram nas redondezas da obra, precisam obrigatoriamente sair de seu bairro para poder estudar.

Agora querem desapropriar um prédio que é tão importante para a história da cidade quanto o "Clube Okinawa". Nas décadas de 1970 e 1980, por exemplo, o juramento à bandeira e a entrega do Certificado de Alistamento Militar de quem se alistava no exército era feito ali.  Algumas das reuniões e convenções eleitorais do últimos anos foram realizadas no Okinawa, para se ter uma ideia. A parceria com a Prefeitura de Diadema também permite a realização de grandes eventos públicos e privados, como shows, feiras empresariais e formaturas. A presença do clube na cidade contribui para a valorização da imigração japonesa e para a integração da comunidade local, tornando-se um ponto de referência para aqueles que desejam conhecer e vivenciar a cultura okinawana. 

Levando-se em consideração a origem oriental do prefeito Taka Yamauchi, essa desapropriação até soa como "provocação" ao atual mandatário da cidade, não por parte do Ministério da Educação - cujos burocratas, provavelmente, não devem fazer a menor ideia de onde fica Diadema no mapa - que isso fique claro.

Se é para ter outra instituição de ensino na área tecnológica e profissionalizante, por que não se pensou em, por exemplo, transformar a Fundação Florestan Fernandes, que pertence ao município, em Instituto Federal como a bancada petista tanto deseja? Ou então usar o prédio da Secretaria da Educação, na Avenida Alda - e que originalmente era uma faculdade - para as novas instalações pretendidas? 

Ou simplesmente construir um prédio para finalidades educacionais em algum dos bairros periféricos da cidade? É bom lembrar que, quarenta anos atrás, o SENAI resolveu construir sua escola profissionalizante no Jardim das Nações que a época era um bairro muito carente de recursos e serviços, mesmo na divisa com São Bernardo e à beira do Rodovia dos Imigrantes. Hoje a região possui uma área de comércio e serviços locais tão bons quanto no centro da cidade ou em bairros como Serraria, por exemplo.

Em suma, na pior das hipóteses, o Ministério da Educação, juntamente com o poder público local, deveria pelo menos repensar onde instalar esse instituto de educação e se ele realmente vai atender às necessidades de ensino nessa região. 

 

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