A Prefeitura de Diadema realizou a entrega oficial da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro na manhã desta sexta-feira, 6 de dezembro, com visita do prefeito, José de Filippi Júnior, secretários municipais e vereadores.
Essa inauguração "surpresa" - para a maioria da população - vem logo após a derrota do atual chefe do executivo no segundo turno das eleições municipais deste ano, cuja sua principal promessa era a de construir um novo hospital onde funcionava a sede da prefeitura, no Paço Municipal, que fora derrubada para tal finalidade.
Até o momento, o prefeito eleito Taka Yamauchi não disse o que pretende fazer - quando assumir em janeiro - com o "projeto" do hospital - que nem ao menos recebeu liberação de recursos do governo federal até o momento - ou com a área onde ficava o prédio da prefeitura.
Atendimento precário - A UPA Centro já está em funcionamento há quase dois anos, de forma muito precária e com um péssimo atendimento, muito embora a prefeitura insista em dizer que só tenha entrado em funcionamento em 2 de setembro deste ano, com esse nome.
A partir desta data, a unidade hospitalar que substituiu o famigerado Pronto Socorro Central realizou mais de 38,5 mil atendimentos nas especialidades de clínica médica, pediatria e odontologia, entre consultas, procedimentos e observação nos setores adulto e pediátrico.
A prefeitura não esclarece se esses atendimentos também incluem os procedimentos realizados pelo ambulatório médico de especialidades, que funciona no mesmo andar com entrada pela Avenida Antonio Piranga.
Em relação ao mesmo período de 2023 do antigo Pronto-Socorro Central que funcionava no local, a UPA Centro registrou aumento de 32% dos atendimentos, informa a secretaria municipal da saúde.
Melhorias - A UPA Centro funciona 24h, sete dias por semana, com exames laboratoriais e raio-x digital, Tele ECG e conta com 60 leitos (adulto e infantil), o que representa um aumento de 43% de leitos em relação ao Pronto Socorro Central, serviço que funcionava no local até agosto de 2024.
Além das melhorias e adequações para implantação da UPA Centro, a administração adquiriu equipamentos novos para a revitalização, como camas, macas, cadeiras, cadeiras de rodas, monitores cardíacos, cardioversores, ventiladores, bombas de infusão, dentre outros.
Farmácia - Desde 9 de setembro, a UPA Centro conta com farmácia para dispensação de medicamentos que funciona diariamente, das 7h às 22h, e disponibiliza 48 medicamentos de acordo com a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume), entre antibióticos, analgésicos, antiinflamatórios e antitérmicos. Foram 13.221 atendimentos desde a abertura da farmácia, com 218.107 unidades de medicamentos dispensadas, diz a prefeitura da cidade.
Serviço:
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro 24h
Rua Tiradentes, 100 – Centro, Diadema - SP.
Funcionamento da Farmácia: de segunda a segunda, das 7h às 22h.
Análise e Opinião: O fato da prefeitura melhorar e ampliar o atendimento na nova UPAS do Centro só aconteceu depois de uma pressão muito grande e muito forte da população, que está cansada de pedir socorro ao Hospital de Piraporinha porque sabia que ali, no Quarteirão, era quase certeza de que não seria atendido por falta de recursos, equipamentos e até mesmo por falta de médicos que, em um passado não muito distante, causou muita confusão e denúncias até por parte de funcionários do Quarteirão da Saúde, até onde se sabe, que nunca foram devidamente apuradas pelo poder público.
De qualquer maneira, é sempre salutar que uma unidade hospitalar desse porte seja instalada numa região como o Centro de Diadema, que sempre foi "desprezada" pelas administrações anteriores porque os políticos de então pensavam que os moradores não precisavam tanto desse tipo de serviço porque a maioria, supuseram eles, usavam "planos de saúde privados". Mas a questão era a seguinte: se eles não atendiam bem as regiões centrais, quem disse que eles atendiam melhor a periferia, não é mesmo?
Outra questão que faz o cidadão diademense pensar: "Se essa UPAS é uma coisa tão "sensacional" porque a prefeitura não anunciou nem divulgou a sua chegada, ainda na época eleitoral? Se assim tivesse feito, pouparia muita dor de cabeça para quem teve se socorrer do obsoleto, porém eficiente, Hospital Municipal de Piraporinha, que vive sempre lotado com falta de vagas na hora de se internar um paciente para um tratamento mais adequado, não é mesmo?
E mais um fator preocupa: como de costume, a administração atual não informa o quanto foi gasto nessa reforma, muito menos de onde vieram os recursos, se foram dos cofres da própria prefeitura, se foi algum convênio com o o Estado, ou verba do governo federal ou oriunda de alguma emenda parlamentar, ou ainda de alguma outra fonte.
Levando-se em consideração que o prefeito atual e sua fiel bancada na Câmara aprovaram projeto de lei que "refinancia" a dívida da prefeitura com o IPRED - o que vai comprometer ainda mais as finanças do município, será que a próxima administração terá condições de manter esse "novo" serviço da maneira que a população merece? Espera-se que sim, apesar do cidadão, de um modo geral, saber que certos tipos de políticos quando estão no poder costumam fazer obras e implantar serviços sem o mínimo de planejamento, apenas para dizer que fez, sem se preocupar com os gastos e custos de manutenção - que sempre saem do bolso do pagador de impostos.
Essa forma arcaica e ultrapassada de "tomar conta do bem público" acaba sempre gerando prejuízo ao erário e um serviço ineficiente que deixa o morador de qualquer cidade insatisfeito e desconfiado das verdadeiras intenções do "mandatário de plantão". "Será que o atual prefeito inaugurou essa obra desse jeito para deixar uma bomba na mão de seu sucessor, que não vai conseguir administrá-la a contento e, assim, o chefe do executivo que está saindo poderá construir a 'narrativa' de que o seu substituto é um incompetente desde o dia que tomou posse?",cogitaria um morador mais atento aos fatos. "Acho que não, mas... vai saber, né", concluiria esse cidadão incauto.
E, finalmente, fica a pergunta que todos fazem na cidade: "Se Diadema dispõe de vários recursos na área da saúde que precisam ser melhorados, ampliados e organizados para que trabalhem de forma eficiente, por que precisamos de um hospital que custará um valor altíssimo e cuja relação custo/benefício para o cidadão não sabemos se será satisfatória?" Boa pergunta, não é mesmo?
Onde fica:
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