Olá, me chamo Alessandra Santos.
Eu trabalho como Psicóloga Sistêmica, coaching e Equoterapeuta. Uni todos os aprendizados e ferramentas ao longo dos anos nos atendimentos em saúde mental, emocional e desenvolvimento humano, do meu próprio mergulho no autoconhecimento e a conexão com os cavalos e a natureza e criei o método da Terapia Assistida com os cavalos em meio a Natureza.
Hoje estou aqui para compartilhar um pouco da minha experiência no atendimento a famílias e principalmente crianças em luto de mãe, pai, avós.
É um dor sem medida para uma criança “perder” a mãe, ainda tão pequenas, é algo bem desafiador para elas assim como para a família.
No período da pandemia principalmente fui chamada por várias famílias para auxiliá-las no apoio principalmente as crianças. Passei por situações onde o pai e a família, me chamaram para auxiliá-los a contar aos filhos que a mamãe havia morrido. Pra mim com certeza, foi o desafio sem igual, por outro lado agradecendo a Deus por estar podendo contribuir com aquelas crianças e famílias em um momento de uma necessidade tão desafiadora.
Havia realizado vários atendimentos de acolhimento com famílias, até que um dia perguntei para uma família se poderíamos realizar a sessão em uma hípica junto aos cavalos em meio à natureza, eles toparam de imediato, era a primeira sessão, e assim fomos.
A recepção com as crianças junto aos cavalos foi muito especial, o ambiente já estava todo preparado para elas. Fui mediando esse contato das crianças e o papai, junto aos cavalos. Facilitei a escovação, o toque, falei sobre o comportamento do cavalo, como devemos lidar com ele. Como não estavam acostumadas, apresentaram um pouco de medo de inicio. Mas à medida que foram se conectando percebi que o medo já ia sendo transformado em outras sensações: como desaceleração, mais presentes com o cavalo, uma atenção maior na lida, se aproximando cada vez mais, abraçando o cavalo. Eu e o pai montamos as crianças um pouco, assim que montaram envolveram o cavalo com todo o seu corpo, se deitando sobre ele. Sentia a respiração das crianças cada vez mais tranqüila, o cavalo às vezes andando, outras vezes parado. A confiança cresceu tanto que chegaram a relaxar e cochilar sobre o cavalo. E o pai perto tocando as crianças, trazendo a sensação de segurança e presença junto ao cavalo. Percebi que o olhar do cavalo e a sua respiração se alinhou e conectava totalmente a respiração e ao olhar das crianças, criando uma linda sintonia. Mantive as crianças ali, naquele movimento por um tempo, depois as convidei para experiência da trilha na mata, um movimento que trouxe uma sensação muito gostosa de expansão, tranqüilidade, e aventura, é como se as crianças se abrissem ainda mais para receber de tudo que encontravam ali, desde as borboletas, até os galhos que encontravam as frutas na mata, entre outros. À medida que andamos na trilha, perto de chegar à porteira, avistamos uma Égua. Eu não sabia que ela estaria lá, se mostrava ansiosa para a nossa chegada. As crianças avistaram e ficaram empolgadas. Abri a porteira e coloquei as crianças para o contato com a Égua, para a minha surpresa e da família, a égua se aproximou e envolveu a criança caçula com o seu pescoço e cabeça ( é a forma que o cavalo abraça) e se manteve ali. A caçula ficou muito feliz, depois foi à vez do irmão mais velho, que se aproximou, abraçou a Égua que o envolveu também, ele dizia empolgado: ela me ama, ela me ama, sorridente. Foi um momento muito especial nessa sessão, deixou o coração das crianças e de todos muito “quentinho”. Eu agradeci muito aquela égua.
A cada atendimento junto aos cavalos e o meio de natureza, somos surpreendidos, são os presentes que a vida trás quando nos entregamos em confiança e nos permitimos à conexão com os animais e a natureza.
No momento do trabalho no lago, onde o papai havia levado as fotos de família, a roupa com o cheirinho da mamãe e coisas que as crianças ganharam da mamãe para trabalharmos, os corações já estavam bem mais tranqüilos. Tudo foi fluindo com muita leveza, a conversa das crianças com o pai sobre a mamãe, falar do luto, da saudade, dos momentos que viveram juntos, o papai contou sobre o nascimento deles, como a mamãe estava feliz no dia, foi muito mais leve pra eles falar. A família fez um combinado de estar sempre conversando um com o outro quando sentissem que estava muito desafiador, e que iria se permitir chorar, e falar sobre o que estava sentindo, para ir transformando a saudade dolorida em saudade com muito gratidão a essa mamãe que tanto amor trouxe a cada um além de presenteá-los com a vida.
Essa é a partilha que senti em deixar, muito agradecida por poder falar da contribuição única que os cavalos e o ambiente de natureza nos trás. Meu propósito é que essa integração e respeito entre, humano animais e natureza cresçam e expandam cada dia mais e auxilie o ser humano de todas as idades a sua saúde plena.
Assim falei com muito carinho e te convido para viver essa conexão junto comigo.
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