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O mercado americano não para no Dia do Trabalho
Professor Bertoncello*
Por Rádio Serraria
Publicado em 17/05/2025 09:39
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Os primeiros 100 dias do governo Trump deixaram evidente que os próximos 1.360 dias de seu mandato serão marcados por mudanças intensas e disruptivas. Com políticas econômicas assertivas e uma postura abertamente combativa no comércio internacional, o presidente está reconfigurando o cenário global, impondo volatilidade e, ao mesmo tempo, abrindo espaço para oportunidades estratégicas no mercado americano.

Para os investidores, trata-se de um ambiente geopolítico instável, mas altamente rentável para quem compreender a nova lógica das relações internacionais e souber se posicionar com agilidade. Enquanto os mercados americanos operam normalmente neste 1º de maio, por aqui celebramos o Dia do Trabalho com um feriado prolongado, talvez para "esquecer" temporariamente a corrupção endêmica que paralisa nosso progresso estrutural.

Os primeiros resultados - A administração Trump tem utilizado as tarifas como uma ferramenta estratégica no comércio global. Inicialmente, essa postura causou turbulência nos mercados, mas também revelou sinais de flexibilização seletiva em setores como o automotivo. A decisão de aliviar tarifas sobre a indústria de automóveis impulsionou o dólar e trouxe alívio temporário às bolsas, com o índice Dow Jones registrando a maior sequência de ganhos de 2025. Fica evidente que as tarifas serão aplicadas de forma tática e dinâmica, não apenas como mecanismo de proteção setorial, mas como instrumento direto de pressão geopolítica.

Contudo, o cerco à China se intensifica. As exportações chinesas recuaram drasticamente em abril, sinalizando um colapso parcial da demanda externa e um impacto direto da política tarifária americana sobre a base industrial do gigante asiático. O recado é inequívoco: ou Pequim revê sua postura comercial e geopolítica, ou continuará a sofrer perdas econômicas crescentes.

A China enfrenta desafios significativos, com as tarifas americanas exercendo forte pressão sobre sua economia. As encomendas de exportação em abril caíram para o menor nível desde a crise de 2008-2009, sinalizando uma desaceleração preocupante. Pequenas e médias empresas chinesas estão sendo particularmente afetadas pelo aumento dos custos, enquanto importadores globais antecipam possíveis barreiras adicionais e estocam mercadorias, distorcendo temporariamente os fluxos de comércio.

Outro obstáculo para os pequenos empresários é a concorrência desleal com as grandes empresas exportadoras, que, diante da perda de espaço no mercado externo, passaram a desovar seus estoques no mercado interno a qualquer preço, pressionando margens e eliminando competidores menos capitalizados.

Essas tensões afetam diretamente as commodities de consumo global, como os metais industriais e o petróleo, que tendem a seguir em queda. 

Em contrapartida, ativos de proteção como o ouro continuam em valorização, refletindo a busca dos investidores por segurança em meio ao cenário de incerteza. A economia chinesa está diante de um ponto de inflexão: ou promove uma reforma profunda em seu modelo de crescimento, reduzindo a dependência do setor externo, ou enfrentará um período prolongado de estagnação.

Enquanto o mercado global atravessa um período de intensa instabilidade, as empresas que conseguem se adaptar às políticas tarifárias e à volatilidade geoeconômica estão colhendo lucros expressivos. Os resultados trimestrais de gigantes tecnológicas como Apple, Amazon, Meta e Microsoft, aguardados com grande expectativa pelos investidores, funcionam como um termômetro dessa capacidade de adaptação estratégica.

A estabilidade dos contratos futuros das bolsas americanas, mesmo diante de uma tempestade de dados econômicos, indica que o mercado confia na resiliência estrutural dessas corporações. A sequência de seis dias consecutivos de alta nos principais índices, a mais longa desde novembro, evidencia que as empresas bem posicionadas estão capitalizando as oportunidades criadas pelo dinamismo e imprevisibilidade das ações do governo Trump.

Resumindo..... - Esse novo ciclo é guiado por incertezas políticas e rupturas comerciais, mas também oferece recompensas significativas para investidores e empresas que compreendem a nova lógica do mercado internacional. Tarifa deixou de ser apenas um custo, tornou-se uma ferramenta estratégica de negociação global. A antiga estabilidade cedeu lugar à inteligência adaptativa. E aqueles que entenderem essa nova ordem estarão aptos a gerar lucros exponenciais, mesmo em um cenário que, à primeira vista, parece adverso.

Por isso, acompanhe de perto os próximos resultados corporativos, ajuste sua estratégia de investimento e tenha em mente uma única certeza: os próximos 1.360 dias serão férteis para quem souber caminhar ao lado, e não contra, a força transformadora dos Estados Unidos.

 

Instagram - @phdbertoncello

 

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