Diadema deve cerca de R$ 1,4 bilhão para o instituto de previdência local, diz secretário de Taka
Política
Publicado em 18/12/2024

A poucos dias de assumir a prefeitura de Diadema, o empresário Taka Yamauchi vai ter de enfrentar um grande problema nas finanças da cidade. Na coletiva desta terça-feira que ele convocou para anunciar parte de seu futuro secretariado, José Luiz Gavinelli, escolhido para a pasta das finanças, revelou que o município deve cerca de R$ 1,4 bilhão somente para a o IPRED (Insituto de Previdência de Diadema), órgão público que é responsável pelas aposentadorias e pensões do funcionalismo público da cidade.

A dívida, segundo ele, teria sido originado de um empréstimo que o então prefeito José de Filippi Júnior em um de seus mandatos anteriores no começo dos anos 2.000. "Não temos certeza, pois esses dados nós conseguimos consultando o portal da Transparência. A gestão atual nos disse que só tem condições de nos enviar os dados completos apenas no dia 31 de dezembro, informou Gavinelli. "A dívida total do município deve chegar a 3 bilhões de reais, principalmente com fornecedores e prestadores de serviços. Por isso temos de rever todos os contratos e tentar pagar em ordem cronológica o que, aparantemente, não foi seguido pelas administrações anteriores", sugere ele.

A reunião convocada pelo futuro prefeito de Diadema acabou se revelando um tanto quanto frustrante.

Além de não ter apresentado toda a sua equipe de auxiliares diretos, o tom dos discursos dos "escolhidos" foi do genérico ao impreciso. Nenhum dos secretários presentes apresentou alguma proposta realmente palpável do que efetivamente farão quando assumirem suas pastas a partir do mês que vem.

Quando questionado sobre suas escolhas para o secretariado, Taka afirmou que escolheu dois da região - mais precisamente de São Bernardo do Campo - para comandar as pastas mais importantes na sua visão - Saúde e Finanças - e que nos casos, são pessoas de exepriência e competência comprovadas.

Quem são os priemeiros secretários escolhidos:

Andreia Fontes, Vice-prefeita eleita e Presidente do Fundo Social de Solidariedade;

José Luiz Gavinelli, Secretário de Finanças;

Dr. Antônio Carlos Nascimento, Secretário de Saúde;

Paulo Pinheiro da Silva, Secretário de Segurança;

Denise Ventrice, Secretária de Assuntos Jurídicos;

Eduardo Minas, Secretário de Assistência Social e Cidadania;

Beatriz Giudicio, Secretária de Cultura;

Ricardo Souza, Secretário de Meio Ambiente e Serviços Urbanos;

Hilton Alves Moreira, Diretor-Presidente da Fundação Florestan Fernandes;

Enquanto isso nos bastidores....: Presentes ao evento, alguns repórteres que cobriram o anúncio se mostraram uma tanto quanto frustrados pela revelação parcial do secretariado de futuro prefeito de Diadema.

Aos convivas, parece que ele quis imitar os demais eleitos da região, que fizeram mais de uma apresentação de seus principais auxiliares. 

A Rádio Serraria apurou que Taka Yamauchi estaria tendo dificuldades para fechar esses nomes. Ele alega que quer montar uma equipe eminentemente "técnica", para ter certeza dos resultados que precisa para beneficiar a população diademense, mas estaria tendo muita pressão para escolher algumas pessoas entre seus futuros aliados políticos e aqueles que o apoiaram desde o início ou no segundo turno. Afinal, para governar com tranquilidade ele precisa assegurar a maioria na câmara e para isso alguns daqueles que o pretendem apoiá-lo querem cargos na máquina municipal ou secretarias ou autarquias "com verba", a fim de que estes também sejam beneficiados com sua atuação dentro da administração pública. Para quem acha isso ruim, devemos lembrar que assim funciona a política no Brasil. Além do mais, em 2026, ele e os vereadores serão chamados a apoiar principalmente os candidatos a deputado estadual ou federal que agora estão lhes dando "aquela força".

Mas, aparentemente, na frente da opinião pública, isso não o incomoda. Afinal, para quem diz querer escolher um time de pessoas que vão ajudar a resolver os problemas da cidade, sem serem ligados necessariamente à política local para garantir uma boa base na Câmara Municipal, Taka se mostra contraditório pois escolheu o reeleito vereador Eduardo Minas (Progressistas) para a secretaria de Assistência Social e Cidadania, por exemplo. 

Nos bastidores, aposta-se que seu nome fora escolhido para que a administração emedebista atue em uma área em que o PT sempre foi forte e de onde sai grande parte de seu eleitorado cativo: o atendimento à população mais carente da cidade, que sempre recebeu atenção especial do Partido dos Trabalhadores com, principalmente, sua política de 'habitação popular', ao longo de décadas. Por ser ligado às denominações evangélicas da região, Minas teria o perfil certo, segundo os aliados de Taka, para conquistar esse público, caso consiga emplacar as políticas que o futuro prefeito pretende implantar.

Para Secretaria da Cultura, citando outro exemplo, ele escolheu a novata Beatriz Giudicio, que é filha do ex-deputado estadual e ex-vereador Márcio da Farmácia - que disputou a vaga de prefeito no primeiro turno, sendo um dos adversários que mais "agrediu" ao candidato vencedor, vindo a apoiá-lo na segunda fase da eleição - e irmão do vereador reeleito Márcio Júnior. Em seu currículo, não há nada que aponte que a jovem gestora tenha alguma experiência no setor, o que não é problema para este tipo de indicação "não técnica", na visão da classe política. Afinal, o atual secretário de Saúde do município, o vereador licenciado José Antonio de Sousa (PT), em outro mandato do atual prefeito, fora secretário da Educação, mesmo não sendo profissional nem da área da educação ou da saúde, até onde se tem conhecimento. Mas, como neste tipo de escolha o critério não é ncessariamente "técnico", a população "torce fervorosamente" para que o indicado ajude o prefeito a solucionar os principais problemas do setor. 

Outra escolha de Taka foi a ex-candidata e ex-vereadora Denise Ventrice, para secretária de Assuntos Jurídicos. Apesar de sua experiência na área do direito, inclusive dentro da administração pública da cidade, leva os observadores políticos a crer que sua escolha foi muito mais "política" do que "técnica". Do contrário, Taka, certamente teria escolhido algum funcionário público de carreira do município. Como é o caso do inspetor da Guarda Civil Municipal Paulo Pinheiro da Silva, futuro Secretário de Segurança diademense. 

Segundo a assessoria do futuro prefeito, Paulo Pinheiro, é graduado em Administração e Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, possui MBA em Gestão Pública e em Planejamento e Gestão de Policiamento Municipal, Gestão e Comando de Guarda Civil Municipal – CRFSU. Ele também tem 25 anos de experiência na GCM local e passou por todos os níveis hierárquicos por meio de concursos internos. Com essas credenciais, não é nenhum sacrilégio dizer que é o indicado mais bem preparado, até o momento, para assumir uma secretaria. Afinal, além de ter preparo acadêmico adequado para a pasta, conhece os problemas que vai enfrentar na prática pois já está na Guarda Municipal praticamente desde quando ela foi fundada.

Prova disso é que, de longe foi o único na reunião que apresnetou propostas de trabalho mais concretas na sua área, como por exemplo, promover uma maior cooperação com o comando da Polícia Militar da região do ABC, bem como a delegacias regional e seccional da cidade, além de criar uma parceria com as GCMs de São Bernardo do Campo e da capital, a fim de melhorar o patrulhamento nas áreas de divisa com os municípios vizinhos, onde há uma maior índice de ocorrências. "Além de darmos ênfase ao combate aos 'pancadões', vamos buscar também a colaboração da secretaria de assistência social para tentarmos equacionar o problema, principalmente, do consumo de drogas que está começando a proliferar em determinadas áreas da cidade", afirmou o novo secretário.

Apesar de ainda faltar o anúncio dos futuros titulares para área como transporte, esporte, educação, habitação e obras públicas ou seja lá o que mais criarem, ainda é precoce dizer se esse time dará certo ou não, se ele terá de trocar algumas peças logo no início da gestão para adequá-las a critérios meramente políticos para beneficiar o alcaide e seus parceiros "politicamente", em vez de beneficiar à população "pagadora de impostos", que deveria ser o foco de qualquer gestor público. É esperar para ver e, acima de tudo, rezar muito para que dê certo porque a coisa está difícil.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!